Há um ano...

      Há um ano eu voei pela primeira vez, metaforicamente falando. Eu chorei, eu me despedi, eu fui. Há um ano eu estava dentro de um avião, ansiosa para descobrir um lugar novo, uma cultura nova. Há um ano eu me apaixonei. Não é louco como o tempo passa rápido? Tão mais louco ainda é essa saudade que Portugal me deixou.
      Saí do Brasil dia 3 de setembro, há exatos um ano (isso explica a enorme sensação de nostalgia que estou hoje). Cheguei em Lisboa dia 4, e de lá fui pra Porto. Ahh Porto, meu Portinho. Não dava nada por aquela cidade e ela me ganhou por completo.


      Nem lembro se foi amor à primeira vista, mas lembro muito bem de como fiquei encantada quando vi a Ribeira a noite pela primeira vez. E olha que eu saí daqui pensando que Porto era uma cidade calma, sem vida noturna muito agitada (por não ser capital). Um ótimo engano! Saudades festas baratas, shots de 1 euro e vodka preta (!!!!).


Teve festa sim, teve muita festa. Teve festa que a gente achava que ia bombar, e não dava ninguém. Teve festa de funk que não tocou funk. Teve casaco perdido, teve casaco achado no chão horas depois. Teve festa que a gente teve que ir porque não tinha ônibus pra voltar pra casa. Tiveram várias noites que a gente sentava no chão e ficava esperando a hora passar, ou esperando a padaria abrir. Teve noite em que geral no ônibus vomitou, e a gente lá. Teve noite, ou melhor manhã, que a gente dormiu no ônibus e paramos em um lugar qualquer longe da nossa casa. 


E foi nas festas que eu conheci as melhores pessoas. Tinha quem a gente sempre encontrava, que do nada chegava dançando. Tinha quem a gente "perseguia" (saudades crushes portugueses). Tinha quem parecia perseguir a gente, porque tava em todo lugar. Tinha quem a gente torcia pra encontrar e deixar nossas noites mais animadas, e tinha quem a gente rezava pra não cruzar caminho, porque bléh! Tinha Jajão, tinha bailando, e tinha funk. Que me desculpem os pseudo-cultos, mas a melhor hora de uma festa é a hora de descer até o chão.


Conheci gente que veio e se dividiu por vários estados do Brasil e gente que ficou por lá. A grande maioria eu provavelmente nunca mais irei ver na vida, e isso é estranho, muito estranho! Mas nunca vou esquecer as risadas, os porres, as danças, as cantorias, nem as quedas. Obrigada! 


Teve quem nos aturou quase 24 horas por dia. Quem nos recebeu, nos acolheu, deu bronca quando preciso e nos ensinou. Teve quem contava piada, quem assistia novela com a gente no frio, quem aguentou a gente quebrando prato, colocando as coisas no lugar errado, deixando coisa fora da geladeira, esquecendo ou perdendo a chave de casa. Teve quem fazia comidas maravilhosas, quem colocava Cássia Eller aos domingos pra tocar (e que agora sempre que escuto dá uma saudade).


Por fim, teve quem me aturasse literalmente 24 horas por dia. Teve uns momentos de estresse, mas tão insignificantes que minutos depois a gente já tava falando vários nadas de novo. Teve dia em que eu não te aguentava mais, mas juro que nada teria sido bom como foi se não tivesse tu comigo, dividindo os pães, vulgo Mc Donald's e os vinhos baratos. E pode admitir que eu fui importante nesse intercâmbio, já que se não fosse por mim seu casaco ainda estaria no chão daquela boate lá que eu não lembro o nome.


O que mudou em mim foi que eu me descobri minúscula, em um mundo tão grande! Grande até demais, afinal, pra que essa distância toda entre Brasil e Portugal?


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